Sob o título "Metrô de SP é o mais lotado do mundo", o Estadão acrescenta mais um tópico ao já superlotado anedotário do pseudojornalismo paulificante.
Fundiona assim:
[______] é o maior [_______] da [______]
Onde o egresso do melhor sistema educacional do [_____] preenche o objeto da reportagem no primeiro campo; a categoria do objeto no seguno campo; e no terceiro campo exercita múltipla escolha:
(A) Do Brasil
(B) Da América do Sul
(C) Da América Latina
Aplica-se a praticamente qualquer tema de reportável a baixo custo, no raio dos poucos quilômetros que podem ser alcançados por um jornalismo de baixo custo mental, profissional, logístico, face aos engarrafamentos, turnos de trabalho e prazos de fechamento do noticiário.
A expressão "11,5 milhões de passageiros transportados a cada quilômetro de linha", por exemplo, significa o que? Por si só, deveria ser motivo de orgulho para qualquer sistema metroviário ou ferroviário, em qualquer parte do mundo. Deveria ser um indicador de eficiência. E talvez tenha sido exatamente esse o objetivo da fonte ("segundo a própria companhia"), frustrado pela reportagem, que fez a opção preferencial por outro enfoque, menos lisonjeiro. E com bons motivos, diante da qualidade do serviço do Metrô SP, cada vez pior.
Mas "número de passageiros transportados", dividido por "quilômetros de trilhos" do sistema, significa necessariamente "superlotação"? Não, se esse volume de transporte fosse realizado por trens maiores, em intervalos menores, ligando estações mais espaçosas, e assim por diante.
Inversamente, um número menor de passageiros transportados poderia, da mesma forma, representar maior superlotação, se os trens forem menores, mais demorados, e as estações mais acanhadas.
"Superlotação" é função de "usuários por metro quadrado", seja nos vagões dos trens do metrô, seja nas plataformas, escadas, catracas e demais espaços destinados ao usuário do sistema -- e não, função do número de passageiros por quilômetro de trilhos.
Uma regra de ouro para obter estatísticas como essa -- máximo rendimento por quilômetro de trilhos -- é velha conhecida dos paulistas, desde a implantação da Sao Paulo Railway, a velha e boa "Ingleza", que tantas lições deixou para quem quisesse aprender.
Primeiro, apossou-se do privilégio de zona -- monopólio, para bom entendedor -- em um ponto fundamental de todo fluxo futuro: a descida da serra do Mar, entre a borda do planalto produtivo e o porto de exportação, via Paranapiacaba.
Feito isso, para que investir mais? Outros que investissem -- e teriam, necessariamente, de tornar-se tributários daquele único investimento inicial, de poucos quilômetros, carreando mais e mais carga para a "Ingleza". A Cia. Paulista, mais tarde, aprendeu a lição, e "generosamente" permitiu que outros investissem no osso (mais e mais trilhos) para lhe trazer o filé (mais carga) a domicílio.
Obtém-se, dessa forma, o funil -- lucrativo para quem monta, "gargalo" para quem precisa: -- o máximo transporte, com o mínimo de investimento em quilômetros de trilhos.
O Metrô SP não deixa de fazer um pouco disso, a seu jeito.
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